quarta-feira, 1 de maio de 2019

Excursão do Esporte Clube Taubaté ao Nordeste em 1959 - Entrevista Aymoré Moreira

Essa postagem não segue a ordem cronológica dos fatos, pois essa entrevista cedida ao Diário de Pernambuco do treinador do alvi azul, o lendário Aymoré Moreira, foi na chegada da delegação Taubateana ao Nordeste, na cidade de Recife. Segue a entrevista: 

O que acha do Santa Cruz só contar com dois jogadores do sul do país, Mauro e Sidney, sendo os outros jogadores todos do norte e nordeste?

Isso é procurar o caminho certo. Se os jogadores daqui servem para as agremiações do Rio e São Paulo, logicamente servirão para os clubes do Recife.



O Taubaté é desconhecido para maioria do público nordestino, o que podemos esperar de sua agremiação nessa temporada no nordeste?

O Taubaté pode ser desconhecido para maioria do público nordestino, pode ser até que muita gente nunca tenha ouvido sequer o nome da cidade que lhe serve de base. Posso assegurar que entre as agremiações do interior que disputam o certame paulista, nenhuma delas tem possibilidades de tornar-se uma grande equipe do país como a nossa.

Ao lado do internacional Orlando Maia, estou trazendo uma equipe jovem, com média de 24 anos, todos porém, dotados de excelentes qualidades técnicas, capazes mesmo de surpreender o público nordestino. Não viemos apenas tentar ganhar jogos, e sim demonstrar que a equipe tem um padrão de jogo, possui categoria técnica e muito embora sendo do interior bandeirante, está capacitada a enfrentar de igual para igual, qualquer agremiação do país. A situação da cidade, no vale do paraíba, é das melhores, fica no meio do caminho entre Rio e São Paulo, zona de crescimento, procurada pelas novas e gigantescas indústrias. E o clube procurar seguir-lhes o passo, tanto assim, que estamos construindo um monumental estádio. 


Como explica sua presença em Taubaté, depois de ser o técnico tri campeão brasileiro com a seleção bandeirante?

Mais por uma questão de amizade, ao assinar com o Taubaté, fui prejudicado financeiramente. Atendi apenas uma questão de amizade, tenho grandes vínculos com dirigentes do burro da central. E minha senhora desejava passar uma temporada afastada das grandes metrópoles.



Quando termina seu contrato com Taubaté?

Em maio próximo.



Sabe do interesse do Náutico pelo seu trabalho?

Tomei conhecimento do fato, assim que cheguei em Recife, já que alguém tocou no assunto.



O que acha de treinar o alvi rubro recifense?

Sinto-me honrado. Devo acrescentar que é muito difícil minha saída de São Paulo. Com a seleção bandeirante tenho quase que um compromisso, São Paulo passou quase 10 anos sem obter o título brasileiro e comigo obteve a recuperação, acredito que no próximo certame nacional a obtenção do titulo pela quarta vez será das mais fáceis, graças ao grande número de valores revelados pelo futebol bandeirante, tanto na capital como no interior. E possuir Pelé é uma vantagem alarmante, trata-se do maior jogador que já vi em ação, durante toda minha existência de jogador e técnico. Mas, voltando ao assunto Náutico, devo acrescentar que sou um profissional, em maio no término do meu atual contrato, poderia examinar a proposta do clube pernambucano e compará-la a do Taubaté e de outras agremiações que já fizeram sondagem sob a possibilidade da minha transferência. Com referência ao Náutico tenho certo vinculo afetivo, uma vez que meu irmão Airton já jogou pela agremiação recifense. Se fossem superada as dificuldades para a minha transferência para o Recife, existiria uma condição especial. Sou um idealista e trabalharia no sentido do aproveitamento do elemento local, tudo seria feito a base do elemento jovem e nordestino.
















Fonte - Diário de Pernambuco - Domingo, 01 de Março de 1959.

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