O bailarino,
o dançarino, o driblador, um jogador forjado para fazer sucesso, esse era Antônio Machado de Oliveira, que ficou
conhecido no mundo da bola como Pé de Valsa, nasceu na cidade do Rio de
janeiro, em 1° de dezembro de 1924. Jogava no time amador do Unidos da Coroa, em Ramos, antes de chegar ao Bonsucesso Futebol Clube no início dos anos 40.
Conhecido
inicialmente como Oliveira, os companheiros o apelidaram de Pé de Valsa em
razão de sua grande habilidade.
Com passadas
rápidas facilitadas pela boa composição física, Pé de Valsa era dotado de
um grande talento para driblar os adversários, o que nunca foi muito comum em
se tratando de jogadores de defesa.
Com o calção
sempre levantado acima do umbigo, o que destacava o tamanho considerável
de suas pernas, Pé de Valsa apresentava grande mobilidade no gramado. Parecia valer por dois, tal era sua constante
presença, tanto na marcação como na facilidade para distribuir o jogo.
Pé de Valsa
permaneceu por pouco tempo no quadro de aspirantes do Bonsucesso e logo
foi aproveitado no elenco principal, ficando até o final da temporada de 1944, quando foi negociado com o Fluminense Football Club, onde em sua
segunda temporada, foi campeão carioca de
1946. Pelo clube das laranjeiras registram ainda a conquista do Torneio Municipal do Rio de Janeiro
em 1948, o vice-campeonato carioca de 1949 e o título de campeão carioca de
1951.
Contratado
pelo São Paulo Futebol Clube no princípio do mês de outubro de 1951, Pé de
Valsa se deu bem no futebol paulista, apesar das dificuldades iniciais em sua
adaptação. Jogando
pelo São Paulo, disputou ao todo 230 partidas com 10
gols marcados. Conquistou o campeonato paulista de 1953, no qual esteve presente na maioria dos 28 jogos disputados. Além da
conquista do campeonato paulista, faturou a
Taça dos Campeões Estaduais, uma competição disputada entre o campeão paulista
e o campeão carioca, onde o São Paulo derrotou o Flamengo.
PÉ DE VALSA NO ESPORTE CLUBE TAUBATÉ
Pé de Valsa
permaneceu no tricolor do Morumbi até o mês de junho do ano de 1956, quando foi contratado pelo Burro da Central.
A princípio, o São Paulo ofereceu Pé de Valsa ao alvi azul junto com Clélio, como moeda de troca pela aquisição de Zé Américo, um dos destaques do alvi azul, que era tido como craque, almejado por vários clubes.
A troca era dada como certa, o São Paulo reforçaria o setor do meio campo que era o setor mais frágil da equipe e com Zé Américo o salto de qualidade seria imenso. Enquanto o alvi azul teria o zagueiro/lateral Clélio, um dos melhores do futebol paulista, consolidando seu forte setor defensivo, e ainda contaria com o craque Pé de Valsa, que apesar da idade, ainda tinha muito futebol a oferecer.
Para surpresa geral, o presidente do Esporte Clube Taubaté, Joaquim de Morais Filho, além de recusar o negócio, de forma brilhante fez uma proposta pela aquisição de Pé de Valsa, que a princípio não agradou o diretor de futebol do São Paulo Manuel Raymundo Paes de Almeida, mas devido a boa relação que tinha com o São Paulo, Joaquim de Morais insistiu com a proposta que era de 350 mil cruzeiros, mais um jogo amistoso em Taubaté com 100% da renda ao tricolor.
O São Paulo aceitou a proposta, mas disse que quem daria a última palavra seria do jogador, que teve uma conversa com Joaquim de Morais sendo convencido a deixar o São Paulo e vestir a camisa do Burro da Central.
No dia 16/06, Pé de Valsa foi anunciado oficialmente como jogador do Taubaté, assinou contrato de 10 meses e seu salario seria o mesmo que ganhava no São Paulo, 14 mil cruzeiros mensais, fora luvas. Tratava-se inegavelmente de um baita reforço para o alvi azul.
Pé de Valsa disse: "Aceitei a proposta do Taubaté satisfeito porque se trata de um ótimo clube e porque lá terei o ensejo de demonstrar que, ao contrário do que se pensa, não estou acabado. Ainda jogarei muito e espero estar com o Taubaté entre os dez".
Os dez que Pé de Valsa se refere é entre os dez primeiros do campeonato paulista, que se classificavam para a fase final do campeonato.
Joaquim de Morais disse: "Pé de Valsa já tem sua situação regularizada no clube e estreará amanhã contra o XV de Novembro de Jaú. Treinou otimamente e acredito que ele será na nossa intermediária o jogador que o quadro estava precisando. Acredito mesmo que com Pé de Valsa, podemos conseguir grandes feitos".
Os primeiros 3 meses de Pé de Valsa no Taubaté foram muito bons, estava correspondendo à altura todas as expectativas, com um futebol elegante e refinado contribuindo muito para a boa campanha do clube no campeonato paulista, mas uma contusão o tirou dos gramados por 1 mês, quando voltou já não foi o mesmo, perdendo espaço no time e ficando no banco de reservas.
Pé de Valsa ficou 7 meses no Taubaté, no dia 26/01/1957, o jogador pediu a rescisão do seu contrato quando ainda faltava 3 meses para o término do mesmo, alegando estar fora de forma física, não podendo assim, realmente prestar bons serviços ao clube e a torcida que lhe acolheram tão bem. Devolveu ao clube parte do dinheiro que havia recebido com luvas quando assinou o contrato.
Depois de deixar o alvi azul, Pé de Valsa ficou alguns meses sem clube, até ser contratado pelo Paulista de Jundiaí, onde jogou por dois anos o campeonato paulista da segunda divisão, liderou o time em 1957 e bateu na trave na tentativa do acesso. Se aposentou no início da temporada de 1959.
Fonte:
A Gazeta Esportiva - Quinta Feira, 7 de Junho de 1956.
A Gazeta Esportiva - Quinta Feira, 14 de Junho de 1956.
A Gazeta Esportiva - Sábado, 16 de Junho de 1956.
A Gazeta Esportiva - Sábado, 26 de Janeiro de 1957.